domingo, 6 de novembro de 2011

A construção da figura de Maria: Do popular ao Bíblico.

                        Esse simples artigo nasceu de uma afirmação no meu facebook: "Quem não ama Maria não ama Deus, ela é nossa mãe". Essa frase mexeu com meus neurônios. Por trás dessa expressão se escondem vários mistérios que precisam ser esclarecidos. Mas para isso, primeiro precisamos saber quem é Maria e qual sua importância para a história de Deus. Além disso, preciso salientar que esse artigo tem como base uma análise a tendência a mariolatria na cidade de Belém, muitas vezes veiculadas não só pela igreja, mas principalmente, pela espetacularização da mídia local.
   A Mariolatria
            Pois bem, o primeiro relato de sinal a adoração a Maria é quando Jesus estava falando e uma mulher na multidão proclamou: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste” (Lucas 11:27). Nunca houve melhor oportunidade para Jesus declarar que Maria era verdadeiramente digna de louvor, adoração e reconhecimento. Mas qual foi a resposta de Jesus? “Antes bem aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam” (Lucas 11:28). Para Jesus, a obediência à Palavra de Deus era MAIS IMPORTANTE do que a mulher que o pôs no mundo. A obediência a palavra significa também obediência aos mandamentos de Deus. Aqui vou citar apenas os dois primeiros.
1- Não terás outros deuses diante de mim.
2- Não farás para ti imagem de ESCULTURA, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam. (Êxodo 20:3-5)

                Deus estabeleceu para seu povo princípios de conduta, que devem ser seguidos e principalmente obedecidos.
            Além disso, os livros bíblicos mencionam poucas vezes sua figura de Maria.

O próprio Jesus, nas poucas vezes que a refere (5 vezes em todos os Evangelhos) trata-a por "Mulher". Mateus, o evangelista que mais vezes a refere, dedica-lhe dezessete versículos no conjunto de 1068 que constituem o seu Evangelho. Lucas refere-a vagamente; João quase que a esquece, embora aos pés da cruz Jesus a confie, Marcos nem se lhe refere. Nos Atos dos Apóstolos, surge apenas duas vezes, mais como viúva desamparada e necessitada de auxílio depois de ter perdido o filho, do que uma figura proeminente. Na literatura epistolar neo-testamentária é completamente esquecida. São Paulo não a refere uma única vez. (SILVA, 2006, p.03).

                A morte de Maria também não é registrada na Bíblia. Nada é dito sobre Maria subindo aos Céus, ou tendo qualquer forma de papel exaltado no Céu. Maria deve ser respeitada como a mãe terrena de Jesus e não como mãe espiritual da humanidade, pois ela não é digna de nossa adoração ou exaltação. A Bíblia, em nenhum lugar, indica que Maria pode ouvir orações, ou que ela possa ser mediadora entre nós e Deus. Jesus é nosso único defensor e mediador no Céu (I Timóteo 2:5).
            Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto (João 14:6-7)
                Jesus é o único mediador entre Deus e o homem. É o caminho por onde devo andar, é a verdade que eu devo seguir, e quando faço isso ele gera vida em mim, por que ele é vida. O evangelho é simples, muito simples.
                           Da figura real ao fenômeno religioso: a história
            O fato da figura de Maria cair no esquecimento nos primeiros tempos do cristianismo, e hoje na contemporaneidade constituir-se num verdadeiro fenômeno religioso, é denominado por Rui Alberto Silva de “Paradoxo Mariano”. Mas para entender esse processo temos que mergulhar um pouco na história do catolicismo.
            Na expansão do Cristianismo os apóstolos tiveram que pregar um monoteísmo unicamente masculino. Afinal, caso fizessem referência àquela “que tinha sido fertilizada pelo próprio deus, que tinha dado à luz sem deixar de ser virgem, qualquer grego, romano ou egípcio” (SILVA, 2006, p.06) identificaria Maria como sendo uma deusa no meio de tantas outras.
            "As religiões primitivas eram matriarcais, isto é, não eram regidas somente por um deus, mas também por uma “Grande Deusa”. Entre os egípcios essa “Grande Mãe Cósmica” era Ísis, para os gregos correspondia a Minerva, em Creta era denominada de Ártemis e assim por diante.
            Quando Constantino I apoderou-se do trono imperial romano o cristianismo passa a ser a religião oficial do Império e, por conseguinte uma das primeiras atitudes do papa Silvestre I foi remodelar todo o calendário romano, suprindo os feriados e festas dedicadas aos deuses pagãos, e dando assim lugar às solenidades cristãs".
            Alguns teóricos das Ciências da Religião atestam que o culto a Maria foi propagado pelos padres da Igreja na tentativa de barrar na cidade de Éfeso o crescente culto pagão a Ártemis, deusa da fecundidade. Para alcançar o bom êxito nesta ação e dar um contra-golpe ao culto da deusa Ártemis a Igreja passa a reconhecer Maria como a força geradora, a “verdadeira mãe da fecundidade”, através do título “Theotókos” (Mãe de Deus) no Concílio de Éfeso em 431.

Maria depois de 400 anos de penumbra sai do Concílio de Éfeso, que durou apenas 10 dias (de 22 a 31 de julho de 431) com uma história, uma missão, uma doutrina, um culto, um lugar eminente na corte celeste, Rainha dos Céus,dos Anjos e de todos os Santos, Mãe da Igreja, Mãe de Deus (SILVA, 2006, p.17).


Da figura real ao fenômeno religioso: O Círio de Nazaré.


            Na contemporaneidade vemos a figura de "Nossa senhora" uma das mais aclamadas em Belém do Pará, não cito aqui a de "Aparecida" conhecida em todo Brasil mas a de Nazaré. Isso mesmo "Nossa Senhora de Nazaré". Aqui não pretendo agredir  religião, muito menos a crença de ninguém. Todos são livres para escolher seus caminhos. Afinal, Deus nos deu o lívre arbítrio. Venho apenas tecer algumas considerações a respeito dessa festa que ocorre todo mês de outubro em Belém do Pará.
            A tradição relata que:
         Em 1700, Plácido, um caboclo, descendente de portugueses e de índios, andava pelas imediações do igarapé Murutucu (área correspondente, hoje, aos fundos da Basílica) quando encontrou uma pequena estátua de Nossa Senhora de Nazaré. Essa imagem, réplica de outra que se encontra em Portugal, entalhada em madeira com aproximadamente 28 cm de altura, encontrava-se entre pedras lodosas e bastante deteriorada pelo tempo e pelos elementos. Plácido levou a imagem consigo para casa, onde tendo-a limpado, improvisou um altar. O Círio foi instituído em 1793 em Belém do Pará, e até 1882 saía do Palácio do Governo.
A procissão do Cirio é uma tradição antiga, e hoje envolve muito mais do que religião se tornou cultura. É algo passado de pai para filho, os Belenenses ja nascem com uma convicção de Maria como "Nossa Senhora de Nazaré".
[...] muitos autores dizem que a devoção a "Nossa Senhora" foi usada, conscientemente ou não, para transmitir e reforçar para o povo uma imagem de mulher calada, submissa, passiva e resignada. Uma mulher que obedece ao marido, cuida dos filhos, vai à missa e reza todos os dias, mas que não tem consciência de seus problemas e nem luta para resolvê-los. (CARDOSO, 2000,p. 03).

            "Maria é um caso declarado de identificação, de reflexo, de imagem arquétipa nuclear na psique mítica ocidental”. (SILVA, 2006, p. 32). Simbolizada como a mulher possui uma importância considerável no psicológico das pessoas, tal que a Igreja a colocou como modelo de personalidade para a sociedade.
            Com mais de vinte séculos de história, apesar do progresso e das mudanças ocorridas dentro da Igreja Católica e na sociedade, percebe-se que a “Nossa Senhora” está cada vez mais na boca do povo. Em todo o mundo percebe-se a tamanha proporção que o culto mariano adquiriu no decorrer da História.
            Especificadamente sobre o Círio, umas das primeiras TVs a exibir imagens da procissão foi a TV Liberal em 1983, filiada a rede Globo. A partir da entrada em cena da TV, o Círio passa a existir num duplo cenário: o primeiro se desenvolve no espaço geográfico da rua, no qual a gramática midiática não opera. Ao transmiti-lo ao vivo, a TV transporta-o para o outro cenário, o da esfera midiática, no qual o reconstrói sob a égide de suas leis. Sem poder de interferir no espetáculo de referência, a TV constrói seu próprio espetáculo, que não é especular, porém uma interpretação do evento, na qual, além do olhar dos realizadores, operam fatores de ordem técnica, estética e temporal.

Pesquisa realizada pelo Ibope na Grande Belém, em 1998, mostrou que a audiência da TV Liberal durante a transmissão do Círio daquele ano atingiu 92%.

            O espetáculo da TV é condicionado por seus meios técnicos e isso determina escolhas e enfoques do Departamento de Jornalismo, preservando-se de um roteiro básico que privilegia, na oferta de sentido à audiência da transmissão, o que é considerado fator de faturamento para a empresa, no caso as TVs.
            Ser jornalista é olhar a realidade e retransmiti-la. Como diria minha querida professora Alda Cristina é impossível existir a imparcialidade no jornalismo e quem dirá na transmissão da procissão no Círio. Quantas fádicas vezes os repórteres e apresentadores usam nomenclatura do sensacional "a Rainha da Amazônia", a "Rainha do Nosso Povo", a "A Mãe Bondosa de Nazaré". Bordões que já caíram na boca do povo e se tornaram expressões populares, fazendo parte da cultura dos Belenenses.
            Segundo (Toledo, 2003), afirmo que os Belenenses herdaram esses valores simbólicos culturais-religiosos "como cidadãos que é transmitida de geração em geração. Constituindo a soma de bens culturais de um povo. Conservando a memória do que fomos e somos, revelando nossa identidade. Expressando o resultado do processo cultural que proporciona ao ser humano o conhecimento e a consciência de si mesmo e do ambiente que o cerca".
            Com o decorrer dos anos e o aprimoramento das transmissões a procissão do Círio  aumentou incrivelmente. Em 1940 eram apenas 120 mil pessoas em 2000 segundo o Dieese registrou 2 milhões e 700 mil pessoas. Mas nos últimos anos esse índice vem diminuindo. Um dos fatores seria o crescimento dos evangélicos. "De acordo com a Fundação Getulio Vargas Belém já é a segunda capital com o maior numero de cristãos evangélicos com proporção de 23% - em 2003, era de 18%. Nesse ano de 2011 o índice da procissão caiu para 2 milhões". ( Fonte ORM).
                                          Procissão e Idolatria: a veneração de Maria.
            Após ter acabado a procissão, fui para casa de um amigo na Avenida Narazé em Belém, ví muitos fiéis e romeiros. Uma plataforma foi erguida e uma multidão em uma só voz proclama: “Em Maria a palavra se fez carne, em Maria a palavra se fez carne".
            Veja bem, nessa expressão existe um grande equívoco. Te convido a raciocinar comigo. Essa frase que foi tema do Círio em 2009, foi tirada do livro de João capitulo 1.

JO 1:1 No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. JO 1:3 Todas as coisas foram feitas por intermédio "Dele",e sem Ele nada do que foi feito se fez. JO 1:10 O Verbo estava no mundo ,o mundo foi feito por intermédio "Dele”, mas o mundo não o conheceu.Veio para os que eram seus e os seus não o receberam. JO 1:14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós...

          Mas quem é o "VERBO"?
          Verbo significa "Palavra" e designa ação. Então vamos substituir o termo Verbo. "No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. Isto "não" significa que a Palavra estava do "lado” de Deus e sim a Palavra era Deus. O mundo foi feito por intermédio da Palavra. Em Genesis 1:3 Deus disse: HAJA LUZ...
          A Palavra se fez “carne” e habitou entre nós. Logo e obviamente que Jesus é a Palavra em forma de carne ( ser humano) e habitou entre nós. Ora se Jesus é o verbo que se fez carne, então por que Maria é quem conota essa afirmação?
          Para você entender melhor vou usar outra substituição só que agora no slogan. "Em Maria a palavra se fez carne" a frase ficaria assim se a "palavra" fosse substituída por "verbo".  "Em Maria o verbo se fez carne". Reparem que com essa troca a frase se torna o versículo 14 de João que diz: "E o verbo se fez carne e habitou entre nós". Mas quem habitou entre nós vindo do próprio Deus ( se o verbo era Deus Jo1.1)? Era Jesus ou Maria?  Logo, a frase certa deveria ser "Em Jesus o verbo se fez carne". O slogan do Círio denota uma Maria Deus e não uma Maria Serva. Uma Maria rainha, na qual a mídia insiste em sempre reafirmar isso. Tanto nos jornais impressos como os televisivos. Então eu pergunto qual imagem de Maria esta sendo construída na Cultura belenense? É uma imagem verdadeira biblicamente? O que isso tudo pode provocar como conseqüência aos valores de Deus?
          A idolatria segundo dicionário Aurélio significa: adoração á ídolos. E o que significa ídolos? De acordo com o mesmo dicionário ídolo é:
Figura, estátua que representa uma divindade que se adora. Pessoa à qual se prodigam louvores excessivos ou que se ama apaixonadamente: ele é o ídolo da juventude. Diz-se de certas figuras que desfrutam de grande popularidade (artistas de cinema, cantores populares, jogadores de futebol etc.).
            Aqui vou explicar apenas a questão "da figura, estátua que representa uma divindade que se adora". Com os aspectos religioso-culturais de Belém já citados nesse artigo verifica-se a imagem de Maria sendo conduzida nos padrões de divindade assim como no período do Concílio de Éfeso (já explicado nesse artigo). A concepção de Maria ficou atrelada por um símbolo visível aos olhos, uma estátua. Diante dela as pessoas se ajoelham, agradecem as "bênçãos recebidas", choram de emoção. Inclusive na procissão do Círio onde milhares de pessoas choram ao ver a "estatua" passar. Uma estátua que não é uma simples estátua. Por que na construção da mentalidade das pessoas ela é a figura de Maria, segurando o menino Jesus nos braços.
            A única coisa que pode identificar a imagem achada por Plácido no igarapé murutucu como Maria é justamente por ser uma mulher e segurar uma criança nos braços. Mas por que essa estátua é Maria, se ela tem forma indígena? Maria teve forma indígena? Qual a relação que a estátua tem com a bíblia para ser Maria?
            A única relação que "estátuas simbólicas de uma divindade" tem com a bíblia é justamente a questão da idolatria. Em Isaias capitulo 45:20-22 diz:
Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar. Anunciai, e chegai-vos, e tomai conselho todos juntos; quem fez ouvir isto desde a antiguidade? Quem desde então o anunciou? Porventura não sou eu, o SENHOR? Pois não há outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim. Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro.
                A figura de Maria como rainha chega a ser na vida dos fiéis tão extrema, que acaba por ocupar o espaço que seria exclusivo de Deus. Isso mesmo, espaço exclusico. Ele mesmo falou: "por que sou Deus e não há outro". Se não há outro, é por que não deve haver espaços nos nossos corações para outras "divindades", muito menos Maria. Percebemos que a idolatria rouba o lugar, a atenção, a busca, que deveria ser voltada unicamente para Deus. Ja pensou se no Círio não houvesse estátuas, mas uma grande multidão buscando apenas Jesus, que é o caminho, a verdade e a vida? Na procissão e principalmente nas transmissões das TVs pouco se fala de salvação em Jesus, o assunto é só a corda e as promessas para "Maria" como se ela tivesse poder para atendê-los. Maria não é Deus, foi uma humana como nós.
            A própria Maria nos dá exemplo, direcionando sua adoração, exaltação e louvor somente a Deus: “Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; Porque atentou na baixeza de sua serva; Pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada, Porque me fez grandes coisas o Poderoso; E santo é seu nome” (Lucas 1:46-49).
            Entenda bem, ela usa a expressão "baixeza". Ela se reconhece como não merecedora do status de rainha, mas de serva. Ei? Você entende isso? Rainha e serva são coisas diferentes. Uma é o oposto da outra. Uma rainha é servida, ela reina, ela decide, ela manda, ela rege um reino. A serva serve seu rei, é humilde, é simples, e principalmente, não é exaltada e nem reconhecida como a rainha é.
            Gente, acoooooordem! Essa cultura que rege Belém cegou as pessoas. E tente dizer para um seguidor da “Senhora de Nazaré" que ele está equivocado? Apenas tente. Digo-te que ele vem com sete pedras na mão se reafirmando. Eles não admitem ser contrariados, e ainda se sentem ofendidos. Por isso muitos evangélicos se calam diante dessa triste situação. Para você compreender melhor esse fato cito um simples exemplo: Sou maranhense, tenho a cultura do Maranhão que é muito, mais muito diferente da belensense. Pois bem, um dia uma professora me falou que o Guaraná Jesus era horrivel, acabou com o refrigerante citando os piores dos palavrões para definir o gosto do guaraná. Eu me senti muito ofendido. Como pode uma pessoa não gostar do Guaraná Jesus? Aquilo foi uma afronta a minha cultura, fui criado tomando Jesus. É uma bebida típica regional do meu estado. É como se o guaraná fizesse parte de mim.
            A vontade que me deu foi de socar a professora, tirar minhas sete pedras e jogar nela. Com a "Nossa Senhora de Nazaré" acontece o mesmo. Ela não é só uma questão religiosa, mas também cultural. Você pode até discutir religião, mas discutir cultura é mil vezes mais tenso. Agora imaginem discutir algo religioso-cultural, as duas significâncias em uma? Portanto, meu desejo é que tenham entendido uma pouco mais sobre Maria, e que ela sirva de exemplo para gente como forma de conduta e humildade. Meu objetivo não foi criticar a "Senhora de Nazaré", mas trazer uma reflexão sobre o assunto.
                                               Considerações Finais
             Sendo assim, concluo que: a Bíblia relata uma Maria serva, o povo idealiza Maria senhora e rainha; a Bíblia relata uma Maria salva pelo favor de Deus, o povo idealiza uma Maria salvadora; A Bíblia relata uma Maria bem-aventurada por conceber Jesus; o povo idealiza uma Maria que fez Jesus bem-aventurado por ter nascido dela; a Bíblia relata uma Maria remida pelo sangue de Cristo, o povo idealiza uma Maria concebida sem pecado. Maria foi modelo de mãe, filha, mulher, serva, exemplo de obediência, santidade, fidelidade a Deus, amor a Jesus, e seu desejo era que todos ouvissem e seguissem o Mestre. Entretanto, a fé mariana popular simplesmente ignora a verdadeira Maria e ofusca a imagem de Cristo.
             A minha oração é que Deus abra os olhos espirituais das pessoas para perceberem a realidade do reino de Deus. Que ser cristão de verdade é seguir a bíblia e vivê-la. A bíblia deve ser o manual de vida do Cristão, o que tiver fora dela é cultura popular. Feita dos homens para os homens e não de Deus para os homens. Que sejamos servos e simples como nossa irmã Maria foi.
                                                                                              Belém, 03 de Novembro de 2011

Referências Bibliográficas.
Bíblia Católica Ave Maria. Editora AM, 2009.
SILVA, Rui Alberto. O tempo dos tempos de Maria: Hipóteses sobre o Paradoxo Mariano.

Dicionário Aurélio on line. Disponível em >http://www.aureliopositivo.com.br/<

TOLEDO, S FRANCISCO. A questão do Patrimônio Cultural. Disponível no site valedoparaiba.com

Portal ORM. Disponível em: http://www.orm.com.br/2009/noticias/default.asp?id_noticia=551426&id_modulo=19

CARDOSO, Rosa Maria. Viva Maria a “Nossa Senhora”. O Mensageiro, Santo André, SP, ano XLIII, n. 08, p. 02-04, out. 2000

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A construção da Figura do Lider: uma reflexão.

Esse texto que aqui escrevo surgiu através da leitura de uma E-pístola de meu amigo Pablo Luiz, chamada “A Cura Superficial”.(rugidodaverdade.blogspot.com). Especificadamente, acrescentarei minhas considerações apenas ao tópico III. Nele é retratado o discurso da dominação do liderado através da construção da figura do líder como uma autoridade mística e intocável e um retorno indevido aos rudimentos do Velho Testamento.
Pois bem, é inquestionável que a igreja brasileira atual tem aberto os olhos em relação ao discurso subversivo de dominação do fiel através da criação de toda uma simbologia de misticismo da figura do líder, seja ele pastor, líder de ministério, obreiro, conselheiro, discipulador, etc. A pessoa é levada a crer no líder como uma pessoa infalível e inerrante, "a voz de Deus para sua vida", uma pessoa inquestionável e cuja honra não pode ser exposta e tocada, sob pena de uma dura reprimenda por parte de Deus”. Isso nos implica em perceber se realmente estamos nos padrões da cultura do reino ou de uma cultura religiosa, que se sustenta do homem para o homem e não de Deus para o homem.
Essa questão da simbologia do misticismo leva ao fiel crer incondicionalmente que seu líder é infalível, um super herói que sempre estará ali para socorrê-lo de seus pecados ou fragilidades. Essa visão de líder é extremamente equivocada. Ser líder é ser como Jesus que emanava a graça de Deus por onde ele passava. Não só através de suas parábolas, de suas pregações, dos milagres, mas principalmente pelo modo de se viver, de se transmitir a cultura do reino.
         A liderança de Jesus foi perfeita, pois ele não ensinou sobre liderança nas coisas da terra, no padrão das convicções humanas, mas sim nas celestiais. Ao falarmos de líder, logo imaginamos alguém que devemos obedecer; que devemos estar sujeitos cegamente. Jesus veio quebrar esse paradigma. “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (João 15.14-15).

Jesus foi um líder amigo. Desde o principio quando ele escolheu os doze discípulos já tinha estabelecido em seu coração uma relação de amizade íntima como forma de ensinar, através da amizade emanar a graça sobre a vida deles. Essa estratégia de não discipular uma multidão, mas apenas doze pessoas mostra uma virtude da cultura do reino. A multidão foi ensinada a respeito do reino de Deus, mas os doze conheceriam na essência tal cultura pela convivência com o mestre. A diferença era que a multidão ouvia muito falar de Deus, enquanto que os discípulos não só ouviam, mas experimentavam na pura vitalidade do viver o Reino, através do modo de Jesus vivia e agia. A cultura do reino emanada através do Rei dos Reis foi estabelecida nos doze.
Gosto sempre de falar, caro leitor, que não o conheço ou até posso ter conhecê-lo através de alguns diálogos. E mesmo já tendo dialogado, de fato, não o conheço. Pois quem realmente conhece você é a sua família: seu pai, sua mãe, seus irmãos. Aqueles que convivem com você todos os dias. Eles conhecem quem você realmente é; seus podres, seus defeitos, seus hábitos; conhecem a sua cultura, seu modo de ser, agir e pensar.
           Jesus poderia discipular toda aquela multidão porque Ele conhecia o coração de todos, uma vez que era Deus Filho. Mas para ensinar aos discípulos, ele decidiu criar um grupo de amigos. Onde Jesus seria o referencial de líder, para que os doze futuros líderes ensinassem na essência o que é liderar no Reino, na cultura do Reino. Liderar formando amizades, onde se estabelecesse laços de companheirismo como de uma família. Onde o irmão ajuda o outro. Dessa forma, o líder não se torna uma figura mística, dono das revelações. Mas sim, um referencial de graça e amor, prevalecendo a unidade no discipulado. Coisas que nas igrejas atuais é difícil encontrar. 
          Na ótica da cultura religiosa: “O líder é exaltado como um "super crente", tendo sobre a sua vida uma "unção" que é transferível ao liderado pela obediência, honra e aliança incondicionais. O líder passa, então, a ser visto como a única opção de cura para a vida da pessoa. O liderado é adestrado a obedecer e trabalhar pelo sistema sem questionar, como um cavalo com cabresto. O líder requer a mesma posição de homens santos como Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, entre outros profetas do Velho Testamento; querem a "honra de profeta". Outros já se autodenominam de "patriarcas", requerendo o mesmo status de Abraão. Outros querem o status de "apóstolo", não no sentido de um dos possíveis ministérios que Jesus quer nos dar para edificar a sua igreja, mas no sentido de ter o mesmo status de homens como Paulo e Pedro, a fim de se fazerem receptores inquestionáveis da "revelação" de Deus para a vida dos fiéis”. 
         Essa questão de serem os donos da revelação é algo que deve ser abolido urgentemente das igrejas. A liderança deve buscar sabedoria e graça em Deus para que tais coisas não aconteçam. Um exemplo, típico disso é quando um discípulo peca e urgentemente já vai ligando para seu líder, contar seus pecados e receber a revelação do líder para uma cura imediata do peso do pecado. Em contrapartida, o líder libera a palavra, a "revelação" e tudo fica bem. Há um grande erro nisso tudo. Você consegue enxergá-lo? Um líder de verdade perguntaria para o discípulo quando ele ligasse: “Você já conversou com Deus, sobre sua queda? Já pediu perdão para ele? O que foi que ele te disse?”.
Esse líder está ensinando seu discípulo a não depender dele, a olhar para Deus, a buscar em Deus a cura de suas fragilidades. Esse é um líder amigo que direciona seu liderado a uma comunhão intensa com Deus. Ensina-o a entrar no lugar que Deus criou para estamos, é neste lugar que a cultura do Reino é entronizada em nossas vidas.
Um líder amigo, diferente do líder religioso, deseja que seu liderado seja tão usado por Deus quanto ele, ou até mais que ele. Um dos episódios mais utilizados para sustentar todo um esquema de dependência dos líderes espirituais esta na pergunta: “mas a unção de Elias não foi transferida para Eliseu? E ele não a recebeu em virtude de ser aquele que andava mais perto de Elias do que todos os outros discípulos de profeta? (2 Reis 2). A pessoa é condicionada a entender que a mesma unção que está sobre o líder estará sobre o liderado e este tem de obedecê-lo sem reservas para prosperar e receber a unção”. 
        Esse esquema de dependência aprisiona o crescimento do discípulo e, muitas vezes, prende os dons que Deus já deu. Devemos prosperar na unção que Deus nos dá, na unção que vem dos céus. Cada um dos discípulos era diferente e Jesus os direcionava segundo os dons que eles tinham. Judas ficou com a parte financeira, a parte administrativa do pensar: nas despesas, nos custos, no calcular, no organizar. Já Pedro foi treinado para ser o cabeça, tomar decisões; tinha espírito de liderança firmado na rocha, nos princípios da cultura do Reino. Jesus, como um líder amigo, direcionava cada um deles para frutificarem naquilo que queimava no coração de cada um.
           Nesse esquema de dependência de líderes: “Cria-se, então, todo um sistema de hierarquia rígida e inquestionável para fazer com que uma determinada estrutura religiosa se sustente. Com certeza, a unção de Elias foi transferida para Eliseu, mas a razão de tal transferência não foi a vontade do homem. Não foi algo que aconteceu por causa da aliança que eles tinham. A transferência não se deu por causa do esforço humano. Foi algo determinado pelo eterno propósito de Deus, o qual de antemão, desde antes da fundação do mundo, estabeleceu que assim o fosse. Deus tinha um propósito na aliança entre Eliseu e Elias, e a transferência da unção ocorreu já que o Senhor tinha em vista a continuidade do mesmo tipo de ministério desempenhado por Elias e escolheu de forma soberana o vaso que seria usado para tal, qual seja Eliseu”.
          Eliseu, sem dúvidas, honrava Elias como líder, da mesma forma que os doze discípulos honravam Jesus como líder. Assim, honrar é demonstrar profundo respeito pelo semelhante. É a forma de tratamento que devotamos às pessoas que respeitamos. Logo, honrar não significa nos submetermos a uma liderança a ponto de nos cegarmos espiritualmente, seguindo um esquema de dependência. Mas, sendo amigos, a ponto de chegar a um objetivo: viver (líder e liderado) a cultura do Reino, não como servos cegos, mas como amigos que ensinam uns aos outros ouvirem a voz de Deus, para que se edifiquem. Um braço ajudando a perna, a perna ajudando o pescoço. Somos um corpo. “já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer” (João 15.14-15).
Portanto, na lei você obedece e recebe o benefício; na graça você recebe o benefício e passa a obedecer. Toda relação de líder e liderado deve ser baseado na Graça.
Abraços fraternos, Jonatan Cunha.
 
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Quem sou?

Um jornalista apaixonado por televisão. Especialista em Gestão Empresarial, Pública e com Pessoas. Procuro enxergar o mundo através de uma luneta azul, tudo fica mais nítido, tudo fica mais perto. Por que não apreciar os detalhes? Amante da arte, da cultura e de valores genuinamente cristãos. Um Chocólatra viciado nos sandubas da Subway.

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